Confissões uma pessoa de dados e uma pessoa designer

Data Design
4 min readMar 22, 2023

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Fonte: Pinterest / Deborah Roberts

Se você é um profissional de tecnologia, provavelmente já vivenciou algumas (ou muitas) dessas situações:

  • Você já recebeu uma base de dados “super importante”, mas não sabia por onde começar a explorá-la?
  • Você já emperrou durante um processo de análise de dados por falta de conhecimento das regras de negócio?
  • Você já achou um padrão de comportamento na sua base (dataset) que para designers isso não era novidade?
  • Você ja viu um super estudo de jornada qualitativa de toda uma sprint, mas que poderia ter sido feito uma primeira versão em algumas horas olhando o funil de GA?

A economia digital virou a cabeça de muita gente nos últimos anos, e junto deste processo, o crescimento do foco em times de tecnologia. Ainda que a proposta seja utilizar de profissionais multidisciplinares pra compor a principal unidade de trabalho (squad), quando estamos inseridos nela, os limites entre os profissionais são difíceis de serem trabalhados.

Quem aqui nunca sentiu um estranhamento e pensou na possibilidade de estar em um movimento de by pass?

Essas situações estão presentes no cotidiano e estamos construindo formas de lidar com isso em coletivo. Aqui, nossa proposta é trazer a conversa para promover trocas e conexões sobre as intersecções de design e dados.

Após tanto crescimento na área de tecnologia, como vamos apara as pontas do relacionamento de profissionais vistos como tão diferentes?

É um tal de corre-corre para atingir resultados, mas, em muitos casos, sem saber para onde estão indo, sem definir os detalhes do problema coletivamente e sem alinhar um lugar comum de comunicação e partida. Um monstro de muitas cabeças, somado ao contexto de muitos desafios do pós pandemia e alguns “lay offs”.

Muita coisa, né, minha filha?

Eu, Bono, como pessoa de dados, e Pêra, como designer, também estamos cansados, mas acreditamos que o trabalho interdisciplinar pode ser melhor se, invés de nos acomodarmos em nossas especialidades, buscarmos trocar mais.

A gente se percebe no paradigma antigo das caixinhas, onde cada profissional fica no seu quadrado de conhecimento.

Compreendemos que somos herdeiros de atravessamentos entre profissionais de humanidades e de ciências exatas. Precisamos mostrar que, se juntos, podemos transformar essa relação em um lugar de acolhimento, gerando um tanto de aprendizado.

“Tá, mas e o que vcs tão fazendo então?”

Pêra:

Eu sinto particularmente uma dificuldade enorme, quando preciso traduzir meu design em dados, mesmo entendendo e reconhecendo que isso é essencial!

A cada semana, acabo solucionando diversas demandas e sempre fica um incômodo por não investir no estudo sobre dados. Mas, no mesmo momento, respiro e entendo que não sou um robô e isso me faz ter paz, porém mantenho isso como muito importante no meu radar.

Pra mim, o desconforto também surgiu quando comecei a pedir para ir de ouvinte ativo nas reuniões do time de data, pois ver como tangibilizam os dados ajudou demais no meu processo de entender como adquirir um novo modelo mental.

Bono:

Como analista de dados, entender os materiais trazidos pelo profissional de design da squad que atuo é sempre meu ponto de partida preferido. É um exercício constante gerar análises que não apenas satisfazem os stakeholders de negócios com o tal do “ppt data driven”, mas que principalmente sejam focados no cliente. Na rotina, isso é mais desafiador do que parece e ter designers como parceiros é muito rico, pois bebem dessa informação direto da fonte.

O designer sinaliza gatilhos na jornada, padrões de comportamento humano que para mim, por ter um perfil mais “exatas”, muitas vezes passariam despercebidos.

Outro ponto para trabalharmos mais juntos é economizar o tempo de realizar algumas análises exploratórias (EDA) até chegar a pressupostos que, para esses profissionais que trabalhei, muitas vezes são padrões de comportamento óbvios / de mais fácil acesso — e o processo que segui acabou sendo mais caro do que chamar um designer no slack, rs.

Como eu vejo, essa característica de pesquisador dos dois profissionais faz com que a aproximação entre eles seja muito benéfica .

Lembro de um Roda Viva, no auge da COVID-19, onde Atila Iamarino falava sobre suas previsões. Ele citava que, ainda que usasse a matemática e a predição mais impecável que tivesse disponível, a real diferença para acurácia de suas previsões sobre o vírus seria o trabalho em conjunto de um antropólogo que possibilitaria entender sobre diferentes realidades e maneiras de viver que temos nesse Brasilzão. Ele trouxe que, sem esses inputs, faltariam variáveis importantes para entender o comportamento futuro da COVID-19 em qualquer modelo proposto.

Para mim, antropólogos (social scientists) estão para designers assim como biólogos (hard scientists) estão para analistas de dados no ambiente tech. Lidamos o tempo todo com ambientes frágeis e ansiosos (alô BANI). Por vezes me sinto um tanto insegura, mas ter um profissional parceiro tão complementar nesses desafios com certeza ajuda.

Foto de quando terminamos esse post. Fonte: printzão do meet (:

A gente sabe que esse contexto ChatGPTzeiro dá um arrepiozinho na barriga e, numa primeira reação, parece que vamos precisar competir mais por cada vez menos espaço. Por outro lado, a gente também sabe que o trabalho não vai acabar, mas se transformar.

Viver isso não vai ser fácil e vai exigir o melhor do potencial criativo humano. Exigirá também nossas experiências de viver em comunidade, habilidades de comunicação e empatia. Só podemos ser no coletivo, aprendendo a adaptar-nos de um jeito cada vez mais consciente e inclusivo.

Nosso blog vai desmembrar, em cada post, como nós podemos trabalhar melhor nas situações que apresentamos, começando pelo nosso lugar de fala em dados e design.

Vamos juntos?

💓📃 Continue nos acompanhando pra mais conteúdo assim.

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Data Design

Um desginer e uma analista de dados buscam unir o melhor dos dois mundos com conversas e discussões das diferentes perspectivas